A cidade que eu não conheço





A cidade que eu não conheço me assusta. Há algo de noturno, de sombrio nas suas esquinas. Eu não sei o que há além daquele prédio. Quanto maior ela me parece, maior o medo. Suas ruas parecem sussurrar palavras de xingamento e zombaria:

Que fazes aqui, atrevido forasteiro?
Que queres de mim e de meus filhos?
Queres ficar? Pois me conquiste...


Tudo parece estranho demais. Tudo parece inóspito demais. As pessoas não te enxergam, não te conhecem, não te esperam. Aí você se sente só. E só, entra no quarto do hotel e se tranca. Olha pela janela e a cidade lá fora é um bicho faminto que quer te devorar.

Paradoxo mais lindo esse: a cidade irá te devorar, se você se trancar!

Então você sai pelas ruas, alamedas, avenidas, ladeiras. Conhece o senhor do cachorro-quente, discute futebol com o taxista, toma uma cerveja com a moça da loja de perfume, lê um livro na praça da cidade – cidade que você passa a conhecer. 
E a gostar.
E o medo se esvai.
E o bicho faminto faz-se em ninho.
E o quarto do hotel já não é mais teu abrigo.
É tua cela.
E quando você parte, a cidade que agora você conhece te presenteia.
Agora você tem mais uma saudade para sentir...


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