Ensaio sobre a Loucura












liberio lara loucura

De verdade, estou tão acostumado a ser chamado de maluco, louco, doido, habitante da lua, utópico, e mais sei lá quantos números de outros adjetivos que remetem à insanidade, que quando minha psicóloga disse: “Libério, você é absolutamente normal!”, eu respondi quase gargalhando: “Então você é mais maluca do que eu...”.
É que eu adotei estes adjetivos, não como apelido, mas como o próprio sobrenome, que, querendo ou não, entram no sangue e depois na alma, de onde não saem mais. E juro que gosto disto. Gosto de dizer que não sou normal.
Não sigo os padrões.
Sou bicho solto.
Bicho doido.
Não sou e não quero ser normal. Eu não quero ser responsável como os outros, vestir um terno e ir para o trabalho. Chegar às oito, sair às dezoito. Eu quero fazer o que gosto de fazer. Eu quero ser feliz, mesmo que para isto, eu tenha que ser louco.
Comecei a ser rebatizado na infância, quando ia para as festinhas de aniversário dos primos e amigos com um livro nas mãos. Enquanto a criançada brincava e se divertia com jogos e peraltices, eu ia para um lugar mais tranquilo e brincava de ler. Uma opção, como escolher entre brincar de bola ou vídeo game. E eu também brincava de bola e de vídeo game. Mesmo assim, sempre ouvia, quando aparecia com um livro nas mãos: “Vá brincar, menino! Parece doido sozinho, carregando um livro pra todo lado!”. Mas eu estava brincando...
Sabe aquela cena clássica do garoto que esconde uma revista de mulher nua por trás de um livro? Pois bem, fui pego pela minha mãe certa vez, com oito anos de idade, lendo “Zezinho, o dono da Porquinha Preta” por trás de um livro de matemática (façam o mesmo molecada, se preferirem matemática, ou ciências, ou anatomia feminina a Zezinho, o dono da Porquinha Preta).
Daí vieram a adolescência e a juventude. Nascido no interior, numa turma de onze amigos, fui o primeiro a aparecer com os cabelos totalmente raspados, depois grandes, depois usando brincos, depois com tatuagem... fui o primeiro a fumar cigarro, a tomar um porre... fui o único a fazer striptease e serenata em bordel... naquela época, os que criticavam minha paixão pela poesia, agora usufruíam dela, em forma de cartas que eu escrevia para suas “meninas dos olhos” (elas nunca souberam disto, amigo fiel que sou).
Em consequência destas cartas, que claro, eu escrevia com mais primazia para as minhas “meninas dos olhos”, fui também o primeiro a me apaixonar, o primeiro a ter um filho e a me casar (não, não... Igreja não. Não sou normal, já disse). Eu já estava no meu segundo casamento quando veio o próximo da fila (sim, sim... Igreja sim. Ele é normal).
Então veio a maior das minhas loucuras. A mais insana e doce das minhas decisões: Eu vou viver de escrever!
E minha psicóloga de mais de dez sessões, diz que eu sou absolutamente normal!
Quer saber? Fazendo um ensaio sobre a loucura, eu fico com um diálogo que ouvi ontem. Um diálogo simples e despretensioso que tirou lágrimas dos meus olhos. Uma cena do filme E Se Nada Mais Der Certo, dirigido por José Eduardo Belmonte:
_ Eu não sou normal.
_ Ninguém é normal. Só existem algumas pessoas que conseguem fingir melhor que as outras...
 
 
 
“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a musica.”
Friedrich Nietzsche



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